Que momento surreal estamos vivenciando e que triste realidade relacionada à violência nas escolas. Difícil de explicar, de entender, mas é importante sabermos como abordar isso com crianças e jovens – em sala de aula e em casa também.

Como falar este assunto com os meus filhos?

  • Abordo ou não?
  • Como?
  • Falar o que?
  • Evito o “efeito contágio” para não supervalorizar o assunto?
  • Falar demais pode deixá-lo com medo de ir à escola?

Esses são alguns questionamentos que fazemos e são angustiantes quando se trata diretamente de nossos FILHOS!

 

Neste momento é muito importante a conversa, a escuta e a fala apropriada com as crianças e adolescentes. Aguardem, oportunamente marcaremos um encontro com as famílias para um momento de reflexão.

O melhor caminho é o da comunicação assertiva, do acolhimento e da escuta.

Aqui estão algumas sugestões aos pais de crianças e adolescentes em idade escolar, baseadas nos maiores centros de pesquisa sobre trauma na infância e juventude: National Association of School Psychologists, Child Mind Institute, Yale Center for Traumatic Stress and Recovery at the Yale Child Study Center e Child Trauma Academy.

Importante lembrar que a conversa pode ser diferente conforme a idade do seu filho. Tenham uma boa leitura e estamos à disposição para conversarmos sobre o assunto se necessário!

 

1. Devo falar ou não com meu filho?

Se for algo que aconteceu diretamente com ele(a) na escola ou se a notícia foi amplamente veiculada nos noticiários, as chances são de que seu filho(a) já sabe ou ficará sabendo de qualquer forma. Portanto, nessas situações, ter uma conversa gentil e acolhedora poderá ajudar as famílias a falar sobre eventos traumáticos de modo saudável.

2. Ouça com curiosidade e interesse o que seu filho sabe sobre o assunto!

Pergunte: O que você sabe sobre o ocorrido? Escute o que seu filho(a) tem a dizer. Se ele sabe do que aconteceu, escute com atenção a versão dele(a) sem interromper. Ao terminar, faça as correções, se houver invenções ou exageros sobre a situação, mas não se apegue a dar muitos detalhes.

3. Ajudaria mostrar reportagens, notícias e imagens sobre o ocorrido?

Evite mostrar cenas ou ficar checando áudios e vídeos sobre o assunto próximo ao seu filho(a). Honestamente, não faz bem para ninguém ficar se expondo a isso. Exemplo de fala: “Uma pessoa tentou machucar pessoas numa escola.
Algumas pessoas se machucaram, mas estão todos bem (se for o caso).”

Se houve morte no episódio, não ofereça a informação a não ser que a criança pergunte. Não minta, mas também não descreva demais. Diga algo como: “Infelizmente uma (ou mais) faleceram e isso é muito triste.” Se você não  souber sobre o ocorrido ou o evento ainda não terminou, apenas diga: “Não sabemos muito sobre o que está  acontecendo, mas as autoridades (polícia, bombeiro ou médico) já estão cuidando do caso”.

4. Você tem alguma pergunta ou dúvida sobre o que aconteceu?

É muito importante dar espaço para seu filho(a) tirar as dúvidas. Uma orientação legal é deixar que as perguntas da criança guiem o quanto de informação você vai dar. Muitas vezes os pais acabam falando mais detalhes do que interessam ou que crianças precisam saber. Escute as perguntas e dê respostas honestas, curtas e sem detalhes.

5. Crianças tem a imaginação fértil!

É normal que crianças se imaginem na situação. Não dar detalhes e explicações demais é uma maneira de diminuir a imaginação fértil delas. De modo geral, a principal pergunta das crianças é se ela está segura, mas nem sempre (principalmente as menores) vão saber perguntar isso.

Aqui vão alguns exemplos de como isso pode surgir numa conversa:

  • Isso vai acontecer de novo?
  • E se entrarem no seu trabalho?
  • Vão entrar aqui em casa?
  • Se isso acontecer lá na escola, eu vou dar um soco e quebrar essa pessoa.
  • Vou chamar a polícia! Se eu estivesse lá…

NÃO MINTA e NEM REPREENDA a criança, apenas ouça e reforce que ela está em segurança e que não podemos combater a violência usando violência.

6. Cheque as emoções: como você se sente sobre tudo isso?

Lembre-se: NÃO HÁ EMOÇÕES ERRADAS. Apenas reconheça que é normal sentir fortes emoções em situações assim e que todas as pessoas têm emoções como raiva, tristeza, medo, ansiedade e outros.

7. Importante: não se esqueça de prestar atenção em você mesmo!

Crianças olham para seus cuidadores para procurar segurança. Manter a rotina e a calma nesses momentos é fundamental para diminuir reações ansiosas ou traumáticas na criança. Não esconda ou minta sobre o que sente, mas não sobrecarregue seu filho(a) caso você esteja se sentindo ansioso ou aterrorizado sobre o que aconteceu.

Se você, cuidador, se sentir sobrecarregado emocionalmente, ansioso ou até mesmo aterrorizado, busque ajuda profissional. É natural ficar preocupado frente a situações de violência, principalmente quando acontecem próximo
da gente ou possível de ser com a gente. Mas quando essas preocupações afetam nossas habilidades, rotinas, trabalho e relacionamentos, é hora de procurar ajuda.

8. Tente não se alarmar!

É normal se emocionar quando a criança tem uma reação mais intensa, como por exemplo começar a chorar. Nesse caso (e em outros também), dê um abraço, que muitas vezes vale mais que palavras de conforto.

9. Reforce que ele (a) pode contar com você!

Diga algo como: “Muita gente está falando sobre esse assunto hoje e quero que você saiba que pode conversar comigo quando quiser sobre isso.” Reforce que você fica feliz em saber que a criança confia em você
e que você está cuidando para mantê-la segura.

10. Não vire um pai ou mãe helicóptero!

Não fique perguntando como a criança está o tempo todo ou todo dia. Mas cheque nos próximos dias como ela está: Está tudo bem? Depois daquela conversa que tivemos, algum pensamento ou emoção diferente a respeito daquilo? Apenas escute e valide o que ele(a) compartilhar, dê espaço e tempo. A confiança para falar de assuntos difíceis se constrói com respeito e carinho ao longo do tempo.

11. Se ainda assim, você perceber insegurança ou medo no seu filho (a), reforce algumas falas:

  • Diga que ataques em escolas assim são raros (ainda que se tenha falado muito nisso);
  • Afirme que as escolas estão trabalhando para manter alunos e professores seguros e que tem muita gente cuidando deles;
  • Se seu filho(a) disser que sabe de outra criança ou pessoa que falou sobre se machucar ou machucar outros, diga para ele(a) não fazer fofoca e nem espalhar a notícia entre amigos;
  • Oriente que ele pode contar para um adulto de confiança sobre o que ouviu e o adulto cuidará da situação.

Lembrando que a linguagem deve ser adaptada conforme a idade e compreensão da criança ou adolescente.

Desejamos que estas informações sejam úteis e possam ajudar você e a sua família a passar por momentos como este que requer fé, amor e esperança na humanidade!

Fonte dessas dicas: Tati Imamura, Sil Tiene e Mavi Flores.

 

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